terça-feira, 28 de novembro de 2017

Motivo

Motivo

Eu canto porque o instante existe 
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias, 
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico, 
se permaneço ou me desfaço, 
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.


"Motivo" é um poema que pertence a escritora Cecília Meireles. Este texto mexe com os sentimentos do leitor, pois apresenta uma idea de que o momento presente é o que importa: "Eu canto por que o instante existe". Com isso, podemos dizer  que o texto propõe uma concentração no presente. O eu lírico demonstra que não se importa comado ou com o futuro, mas só com o agora.
Aqui: “não sei, não sei. Não sei se ficoou se passo.” a indefinição, a dúvida do eu lírico mostra-se sem resposta. A repetição da  não sei mostra que ele não consegue dar conta de achar uma resposta que satisfaça seu questionamento. A oposição entre fico e o passo. Podemos dizer que as antíteses representam as dúvidas ou as incertezas do eu lírico, ou ainda o que ele não consegue ou não quer definir sobre si mesmo.
“Num dia sei que estarei mudo mais nada.” Neste último verso o poeta trás a ideia de que ele é passageiro no mundo, e que algum dia ele ficará mudo pois o instante deixará de existir para ele. Com tudo isso podemos dizer que ele se importa para ele é a sua existência e sua criação poética.

Alunos: Jean Alexandre, Amanda Roza, Yuri Crestani

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Mulher ao espelho

Mulher ao espelho


Hoje que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta. 
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis. 
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto? 
Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando. 
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seu
se morreu pelos seus pecados,
falará com Deus. 
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.

Mulher ao espelho 

  O poema: mulher ao espelho "de Cecilia Meireles foi feito na primeira fase do modernismo  e trata  dos temas: a instabilidade da vida e a fragilidade do ser, que pode ser mostrado no trecho" quero apenas parecer Bela/Pois  seja qual for estou morta" que mostra busca incessante do ser humano pela beleza mesmo que custe a vida. A autora  também aponta com delicadeza os temas velhice e morte,  e usa versos rimados e metrificado, que certa forma se afastava  da temática do modernismo.
   A primeira interpretação do poema mostra uma mulher levada pela pelas exigências  do mundo da moda e da mídia mas também  mostra uma mulher oprimida  como na estrofe " Só não pude ser como quis" ,"pois, seja qual for, estou morta? e morreu pelos seus pecados e? Porque uns expiram sobre cruzes,/outros, buscando-se no espelho? Em outras palavras o texto  conta a historia de uma ou varias mulheres q sofreram com a exigência da beleza.
   Uma outra interpretação desse texto é fato de mostrar uma mulher não individualizada que também remete ao movimento feminista da época.
Amanda Roza.

sábado, 25 de novembro de 2017

Jorge de lima "solíloquio sem fim e rio revolto"


Solilóquio sem fim e rio revolto 
 
Solilóquio sem fim e rio revolto  -A 
mas em voz alta, e sempre os lábios duros -B 
ruminando as palavras, e escutando -C 
o que é consciência, lógica ou absurdo. -D 
 
A memória em vigília alcança o solto  -A
 

perpassar de episódios, uns futuros -B 
e outros passados, vagos, ondulando -C 
num implacável estribilho 
surdo. -D 
 
E tudo num refrão atormentado: -E 
memória, raciocínio, descalabro… -F 
Há também a janela da 
amplidão; -G 
 
e depois da janela esse 
esperado -E 
postigo, esse último portão que eu abro -F 
para a fuga completa da 
razão. -G 

 
 
 

significado Soliloquio: conversar com sigo próprio. 

 
 
 
Jorge Mateus de Lima nasceu dia 23 de abril de 1893 na cidade alagoana de União dos Palmares. O percurso poético de Jorge de lima é distinto dos demais poetas de sua geração e que ele se destaca como um dos mais ricos e de maior complexidade de nossa literatura, com bastante variação e em constante mutação. Jorge de Lima, conhecido como “príncipe dos poetas alagoanos inicia-se como poeta neoparnasiana e simbolista, alcançando notoriedade com “O acendedor de lampiõesele também trabalhou como artista plástico, professor e médico.   

Já no poema "solilóquio sem fim e rio revolto". Jorge de lima trata sobre logica ou absurdo, uma realidade ou ficção. É um portão para a fuga da razão. No texto o poeta trata sobre uma ilusão, uma conversa com sigo mesmo que durara para sempre, consequentemente seus lábios vão secando e ele não identifica mais se é uma ilusão ou a realidade. Suas memórias se libertam e passam pela sua cabeça como episódios, aleatórios, sem som em uma vaga amplidão, tudo atormentado, memórias e raciocínios. Levando o personagem a loucura e a total exatidão. Como em todos os poemas Jorge de lima, apresenta uma ideia totalmente diferente uma da outra, mostrando vários aspectos da sociedade e dos indivíduos, uma das diferenças entre os poemas são as rimas, em cada poema de Jorge de lima, utiliza uma sequência própria de rimas, característica de sua criação aprestada no 1° estrofe ABCD, 2°ABCD, 3°EFG, 4°EFG.
Grupo: Elysson, João Pedro, Vitor Daniel

A mãe do primeiro filho, Murilo Mendes- Lucas Abreu


A mãe do primeiro filho


Carmem fica matutando
no seu corpo já passado.


— Até à volta, meu seio
De mil novecentos e doze.
Adeus, minha perna linda
De mil novecentos e quinze.
Quando eu estava no colégio
Meu corpo era bem diferente.
Quando acabei o namoro
Meu corpo era bem diferente.
Quando um dia me casei
Meu corpo era bem diferente.
Nunca mais eu hei de ver
Meus quadris do ano passado…


A tarde já madurou
E Carmem fica pensando.


Análise do poema A mãe do primeiro filho

O poema mostra uma mulher chamada Carmem, que está inconformada com as mudanças que ocorreram no seu corpo após ela dar a luz a seu primeiro filho.
Carmem diz que era uma mulher muito bonita, faz referência aos seios e as pernas que um dia eram lindas, e que seu corpo no colégio era admirável e que hoje em dia estava irreconhecível.
Ela se mostra uma mulher muito frustrada no poema pelo fato de ficar matutando por uma tarde sobre o corpo que um dia ela teve e hoje não tem mais, fato que, torna o poema muito frustrante e repetitivo.

O poema mostra a realidade de muitas mães, que após terem o primeiro filho perdem muitas coisas no corpo que antes eram “bonitos” e após o nascimento da criança se tornam passados como relata o poema.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Murilo Mendes

SOLIDARIEDADE

Sou ligado pela herança do espírito e do sangue 
Ao mártir, ao assassino, ao anarquista.
Sou ligado
Aos casais na terra e no ar,
Ao vendeiro da esquina,
Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida,
Ao mecânico, ao poeta, ao soldado,
Ao santo e ao demônio,
Construídos à minha imagem e semelhança


Analise do texto:

  Neste poema, Murilo Mendes diz que somos todos iguais com nossos defeitos e qualidades,que todos temos o nosso lada do céu e do inferno,que todos temos o lado do Espírito e do sangue,que é a carne. Alem disso, somos interligado por um gene que nos define e assim podemos estar unidos várias formas.

A religião é uma das característica da poética de Murilo Mendes, e sem dúvida é retratada nesse poema.  provas dessa religiosidade, no poema, são as ideias que somos iguais, que não temos diferença, ainda o que temos o nosso lado céu “ Sou ligado pela herança do espírito e do sangue “ e inferno “Ao santo e ao demônio” , que traz um significado religioso.
O poema tem a religião como característica, que vem do latim que significa religar.  

A mulher do poema de Jorge de Lima

Mulher proletária


Mulher proletária — única fábrica
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.


Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.


A mulher do poema de Jorge de Lima

Neste poema, o autor discorre sobre a vida que muitas mulheres têm vivido. Pode-se entender que elas são “fábricas” para seus maridos. Essa é uma metáfora que o poeta usa para definir mulheres pobres e casadas com homens que trabalham na indústria.
Outro aspecto importante do texto, é que essa mulher “fábrica” é uma “propriedade” de seu marido. Essa mulher seria apenas uma produtora de filhos.
Percebe-se, ainda, que os “filhos” seriam o “lucro” do marido. Essa ideia pode significar que muitas dessas crianças são empregadas (trabalhadoras) desde muito cedo e que o dinheiro que elas ganham pertenceria ao proprietário “pai”.
Isso significa que algumas crianças irão trabalha para os senhores “burgueses”. Outras, contudo, morrerão antes de chagar a vida adulta. O que pode ser percebido na ideia de que elas serão “anjos de jesus”.

E explica que seu “proprietário” precisa da produção de filhos “lucro”, pois para seu pai “proprietário” eles foram produzidos apenas, para lucrarem e deixar seu pai ainda mais rico. Esse tipo de criação, pode causar um trauma em seus filhos, pelo fato de trabalharem desde muito cedo. E com isso, quando criar sua família, querer tratar igual seu pai, em que tratava a família de maneira negativa.