sexta-feira, 24 de novembro de 2017

AMAR-AMARO

AMAR-AMARO


porque amou por que amou
se sabia
p r o i b i d o p a s s e a r s e n t i m e n t o s
ternos ou desesperados
nesse museu do pardo indiferente
me diga: mas por que
amar sofrer talvez como se morre
de varíola voluntária vágula evidente?

ah PORQUE AMOU
e se queimou
todo por dentro por fora nos cantos ecos
lúgubres de você mesm(o,a)
irm(ã,o) retrato espetáculo por que amou?

se era para
ou era por
como se entretanto todavia
toda via mas toda vida
é indignação do achado e aguda espotejação
da carne do conhecimento, ora veja

permita cavalheir(o,a)
amig(o,a) me releve
este malestar
cantarino escarninho piedoso
este querer consolar sem muita convicção
o que é inconsolável de ofício
a morte é esconsolável consolatrix consoadíssima
a vida também
tudo também
mas o amor car(o,a) colega este não consola nunca de nuncarás.

Análise do poema Amar-Amaro

No poema Amar-Amaro, de Carlos Drummond de Andrade, é abordado um assunto sobre o amor. Coisa que é muito comum em poemas, já que muitos abordam essa temática, o amor. Porém, neste texto em específico, Drummond brinca com o efeito da paranomásia ao escrever palavras que têm uma semelhança na fala e na escrita, porém com significados totalmente diferentes. Com isso o leitor pode ter uma falsa impressão de fusão das palavras como, por exemplo, no título que ele escreve "Amar-Amaro" quando sem perceber fazemos uma fusão dessas palavras que se parecem mas que mesmo assim têm significados bem diferentes.
    A maioria dos autores poéticos tenta empregar em suas obras, palavras que não são muito conhecidas para valorizar o significado destas. Mas, na obra em questão, o autor faz o contrário ao escrever palavras de fácil entendimento, porém algumas de maneira difícil de ser lida para valorizar o significante, que é o que vemos e não o que sabemos.                           Especialmente por causa dessa característica, que este poema tem uma estética única e difícil de ser encontrada em outras obras.
Uma das principais características de Carlos Drummond é a negatividade que ele emprega em seus textos. Na obra Amar-Amaro não seria diferente e ao ler este poema podemos encontrar esta negatividade por todo este texto e percebemos que o eu lírico destaca muito o fracasso, ao dizer que o personagem sempre se machuca ao tentar amar ou até mesmo que o amor não compensa, pois seria impossível encontrá-lo.
    Drummond escreveu várias coisas inusitadas neste poema como o emprego de palavras juntas e com letras maiúsculas , além do principal que foi o emprego da palavra "desesperados", de trás para frente e de cabeça para baixo, o que na opinião de muitos que marca esta obra maravilhosa.
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Um comentário:

  1. Que projeto lindo num curso técnico que foge da área de letras. Acho super válida a proposta... um intuito sério de trazer leveza e destroçar o pragmatismo que impera por toda parte.

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